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Scaleups: empresas inovadoras com grande potencial de crescimento no mercado brasileiro


por Taís Ferreira

São denominadas scaleup empresas com crescimento anual acima de 20%, segundo a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Este crescimento pode ser mensurado por meio da receita do empreendimento ou do número de funcionários. Especialistas reforçam que, por mais que as duas maneiras de mensuração sejam plenamente aceitáveis, o crescimento computado por meio de receita mostra-se mais representativo, dado que o aumento no número de empregos pode ser uma consequência de maiores ganhos financeiros.

Estas empresas possuem seu crescimento baseado em um modelo de negócio escalável, ou seja, são capazes de aumentar sua produtividade e melhorar os resultados financeiros sem que seus custos cresçam ao mesmo ritmo. Em sua maioria, as scaleup têm por trás do boom de crescimento alguma tecnologia/produto que ganhou o mercado ou surpreendeu no modelo de negócio aplicado.

Por falar em tecnologia, scaleups são empresas que sabem muito bem fazer uso da ferramenta. Em um mundo que passa a ver a indústria 4.0 como o caminho do desenvolvimento, estas empresas já estão a frente com soluções tecnológicas importantes que podem ser dominantes no futuro da indústria ou de outros ramos de atividade – por ser atuante nos mais diversos nichos.

Uma dúvida comum sobre o termo é a diferenciação entre uma startup e uma scaleup. De um lado, as startups buscam, a partir do desenvolvimento de um produto ou serviço, encontrar espaço no mercado via segmentação de clientes e trabalhando para alcançar a lucratividade. A scaleup, por outro lado, já possui o produto validado no mercado e provou que a empresa é sustentável, tendo como foco a continuidade do crescimento. A média de idade de uma scaleup é de 14 anos e mais de 90% atuam a mais de 5 anos no mercado.

Figura 1 – Processo de transformação de uma startup em scaleup

 

Fonte: Startup Europe Partnership.

Adaptado pela autora

 

Segundo a Endeavor[1], empresas denominadas scaleups são as que mais crescem no Brasil e tem grande potencial para acelerar a retomada do crescimento do país. Como pode ser observado no Gráfico 1, as empresas brasileiras estão distribuídas em diversos setores do mercado, com destaque para o varejo onde estão atuantes 20,8% das scaleups do país e, 41,6% das demais empresas (que geram dois ou mais vínculos empregatícios).

A indústria da construção civil é o setor que possui a segunda maior proporção de scaleups (13,3%) atuando, seguido do setor de bens e consumo (10%). Ao final do ranking aparece a indústria digital, com 1,3% de todas as scaleups do Brasil.

Gráfico 1 – Proporção das scaleups por setor de atividade no Brasil, 2015 (%)

Fonte: Startup Europe Partnership

Adaptado pela autora

 

De acordo com o IBGE (2014), o país tem aproximadamente 35 mil empresas denominadas scaleups – o que representa menos de 1% do total de empresas do Brasil. Mesmo com este baixo percentual, elas são responsáveis por cerca de 60% dos novos empregos gerados nos últimos anos (cerca de 3,3 milhões). A expectativa da Endeavor é que o número destas empresas triplique até 2030, alcançando a marca de 100 mil instituições.

Ser uma scaleup é um estágio no ciclo de vida de uma empresa. Elas não necessariamente manterão o mesmo ritmo de crescimento por toda sua história, e após atingir um nível de estabilidade, perdem a característica fundamental desse tipo de empresa, que é crescer em termos de receita ou de emprego acima de 20% ao ano.

Algumas empresas scaleups que podem servir de exemplo e que se destacaram na atuação do mercado brasileiro nos últimos anos são a UBER e a 99 – dois aplicativos que visam facilitar o transporte de usuários por meio de smartphones – e que no Espírito Santo, assim como no Brasil, têm se destacado por contar com grande números de usuários dos seus serviços e também, pela grande quantidade de vínculos (informais) empregatícios. Um terceiro exemplo de scaleup é o do Grupo Trigo, de São Paulo, que abrange as marcas Spoleto e Domino’s Pizza – marcas já popularizadas no Brasil todo.

Assim como a maioria dos empreendimentos no país, as scaleups esbarram na burocracia ao tentar desenvolver sua atuação no mercado. Processos mais ágeis, transparentes, simples e eficientes contribuiriam para o aumento da produtividade da economia garantindo maiores níveis de renda e, sem dúvida, impulsionariam ainda mais no desenvolvimento não só destas empresas como do mercado como um todo.

 

Referências:

IBGE. Estatísticas de empreendedorismo. n. 24. p. 4-80. 2014.

ENDEAVOR. Scaleups no Brasil. p. 6-63. 2015.

[1] A Endeavor, é uma organização sem fins lucrativos que apoia os empreendedores pelo mundo e executa suas atividades em mais de 30 países, incluindo o Brasil.

 

Taís Ferreira é economista, mestre pela UFES e analista do Ideies.

 

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