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Responsabilidade social e o uso de máscaras em meio à pandemia do COVID-19: entenda a importância


por Mayara Bertolani

Após a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarar que o surto de coronavírus era uma pandemia global[1], um dos assuntos mais debatidos entre a população e os especialistas foi a utilização das máscaras faciais para proteção. Inicialmente, os profissionais de saúde, os líderes políticos e a OMS disseram ao público que as pessoas não deveriam usar máscaras protetoras, a menos que estivessem doentes ou cuidando de alguém com COVID-19[2]. No entanto, como há a possibilidade de indivíduos infectados serem assintomáticos, esta recomendação mudou. Ou seja, algumas pessoas podem estar infectadas com o coronavírus, não apresentar os sintomas e, mesmo assim, disseminarem a doença[3].

A recomendação de uso generalizado de máscaras poderia provocar uma maior escassez dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI´s) em nível global, em especial de máscaras cirúrgicas, com isso diversas localidades passaram a indicar o uso de máscaras descartáveis ou caseiras ao sair de casa. Além disso, com o retorno gradual das atividades econômicas em diversos países o uso de máscaras se tornou uma das principais recomendações dos protocolos de proteção à disseminação do COVID-19[4].

A partir deste cenário, diversas localidades começaram a repensar suas estratégias. O Centro de Controle e Prevenção de Doença (CDC) dos Estados Unidos passou a recomendar o uso de máscaras caseiras mesmo por pessoas que não tenham sintomas, caso elas saiam para espaços públicos[5]. A Áustria também passou a exigir que os consumidores usassem máscaras faciais básicas nos supermercados e começou a distribuí-las na entrada dos estabelecimentos[6]. O governo da República Tcheca decretou como obrigatória a utilização de máscaras por toda a população que tivesse de sair à rua, gerando um movimento chamado “Masks4all”, que apela à necessidade da generalização do uso deste tipo de proteção[7].

No Brasil, o Ministério da Saúde (MS) passou a recomendar o uso de máscaras pela população na primeira semana de abril[8]. Atualmente, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) está fazendo uma campanha reforçando a recomendação pelo uso de máscara de proteção contra o coronavírus[9]. Neste sentido, o uso de máscaras de proteção facial passou a ser tratada como política pública de prefeituras e de governos estaduais com regras recomendando e até mesmo obrigando a utilização deste recurso de prevenção.

Estados e cidades onde o uso de máscaras é recomendado ou obrigatório

Fonte: Decretos estaduais e municipais. Elaboração própria. Nota 1: Nos estados do AP, AM, BA, MS, MG, RJ, RR e TO, além das capitais citadas, outros municípios decretaram uso obrigatório das máscaras de proteção. Nota 2: Informação até o dia 14/05/2020.

O governo do Espírito Santo decidiu pela obrigatoriedade do uso de máscaras no dia 18 de abril, primeiramente nas regiões de maior incidência do coronavírus (na ocasião, a região da Grande Vitória e o município de Alfredo Chaves)[10]. A determinação teve caráter educativo, não acarretando em multas caso não fosse respeitada. Porém devido à continuidade da circulação de pessoas sem a utilização das máscaras o estado decretou, no último dia 8, que caso sejam flagrados passageiros nos transportes coletivos sem máscaras, funcionários e clientes de lojas ou trabalhadores de indústrias sem o equipamento, os empresários responsáveis por cada setor poderão pagar multa[11].

Em relação à eficácia no uso das máscaras, estudo recente realizado na Universidade de Qingdao, na China, investigou o percentual do bloqueio de proteção durante a pandemia do coronavírus. Nos testes foram utilizados 3 tipos de máscaras de proteção: máscaras N95, máscara cirúrgica e máscara caseira de tecido, sendo esta última feita com uma camada de tecido e 4 camadas de toalha de papel de cozinha. A eficácia dos três tipos de máscaras foi avaliada usando o vírus da influenza aviária em alusão ao coronavírus. Resultado do teste para máscaras de proteção na capacidade de bloqueio do vírus em aerossóis: 1) Máscaras N95 – 99,98%; 2) Máscara Cirúrgica – 97,14%; 3) Máscara Caseira – 95,15%[12].

Outro estudo, realizado pela Royal Society, instituição em Londres destinada à promoção do conhecimento científico, concluiu que o uso correto das máscaras  pode reduzir a transmissão progressiva por usuários assintomáticos e pré-sintomáticos, se amplamente utilizadas em situações em que o distanciamento físico não é possível[13].

Além da eficácia de bloqueio dos vírus por meio dos aerossóis, especialistas afirmam que a utilização das máscaras reduz a contaminação mão-boca, ao dificultar o contato da mão ao nariz e a boca. No entanto, os demais cuidados de higienização das mãos, dos objetos de uso pessoal e o distanciamento mínimo entre as pessoas é fundamental. Outro alerta dos especialistas é que as máscaras do tipo N95 devem ser, necessariamente, reservadas e priorizadas para os profissionais de saúde, pois fazem parte do kit de EPI´s destes profissionais[14].

Apesar de a máscara reduzir a possibilidade de contaminação protegendo a boca e o nariz, ainda há a possibilidade de tocar em uma superfície contaminada e tocar os olhos, onde a máscara não cobre. Pode-se também ter contato com pessoas contaminadas que não estejam utilizando máscaras, cuja gotículas de saliva ou muco, expelidos pela boca ou narinas na tosse ou no espirro, podem infectar os olhos. Acrescenta-se ainda o fato de que o novo coronavírus permanece no ar por até três horas[15]. Todos estes fatores merecem mais atenção, pois muitas pessoas ainda não utilizam as máscaras de forma adequada, encostando em sua superfície, puxando para o queixo na hora de falar, deixando o nariz descoberto ou o queixo exposto. Por isso, sem utilizá-las de forma correta, as máscaras podem passar uma falsa sensação de segurança.

Neste sentido, o Ministério da Saúde divulgou recomendações de como a população pode produzir as suas próprias máscaras caseiras, sendo elas: em tecido de algodão, tricoline, TNT, ou outros tecidos, que podem assegurar uma boa efetividade se tiverem um correto manuseio e se forem higienizadas corretamente. É importante que as máscaras sejam feitas nas medidas corretas cobrindo totalmente o nariz, a boca, e o queixo e que estejam bem ajustadas ao rosto, sem deixar espaços nas laterais. Pensando nisto, a Findes lançou alguns conteúdos para orientar em relação à produção de máscaras de proteção individual, como dois relatórios sobre a produção deste tipo de máscara e um vídeo do Senai Centro Moda com um passo a passo de como produzir uma máscara caseira.

Cumprindo todas estas recomendações as máscaras podem ser consideradas uma das barreiras contra a disseminação do coronavírus reduzindo a possibilidade de contágio. Por isso a sua utilização aliada às outras medidas protetivas, como a higiene das mãos e o distanciamento mínimos entre as pessoas está em, praticamente, todos os protocolos de combate ao coronavírus nos diferentes ambientes em que há circulação de pessoas. No entanto, cabe ressaltar que o uso inadequado das máscaras pode torná-la mais um vetor de contaminação, já que as pessoas não acostumadas com o uso, podem encostar a mão no rosto com maior frequência, por isto a necessidade de sensibilização, por meio da educação pública, sobre o uso correto das máscaras.

Como ainda não há uma solução definitiva para a epidemia do coronavírus, como, por exemplo, a vacina, no momento, o ideal é aliar a avaliação de risco epidemiológico ao retorno da atividade econômica, priorizando, sempre, as vidas. Com isso, a inserção da cultura da utilização de máscaras de forma correta pode-se tornar (ou já se tornou) um importante aliado na prevenção do coronavírus, podendo beneficiar um retorno gradual e seguro das atividades econômicas e essa prática também pode ser útil para controle de futuras epidemias/pandemias. Além disso, é uma ferramenta de baixo custo e a sua utilização em massa para controle do vírus muda o foco da proteção individual para o altruísmo, que envolve ativamente todos os cidadãos e é um símbolo de solidariedade social na resposta global à pandemia[16].

Nesse sentido, um dos fatores que pode levar a intensificação, ainda maior, do uso de máscaras é a ampliação do seu significado social, e isso ocorre, por meio do maior número de pessoas utilizando e também quando pessoas proeminentes a utilizam, como autoridades políticas, figuras públicas e etc, ou seja, os decretos e leis podem ser mais efetivos se as pessoas reconhecem o sentido social do uso das máscaras[17].

Ciente desta responsabilidade social e pensando na saúde e proteção de seus colaboradores, a Findes – por meio do Senai ES – distribuiu cerca de 5 mil máscaras para o seu público interno[18]. Além disso, a Findes lançou um vídeo de mobilização, no qual informa que o uso de máscaras pode proteger as pessoas, proteger a si próprio e nos ajudar, dentro do possível, a seguir em frente.

Além das iniciativas relacionadas a proteção de seus colaboradores, a Findes está mobilizada para ajudar o setor produtivo, a sociedade capixaba e o governo estadual a atravessar a crise do coronavírus. Através do movimento #industriadobem, é possível identificar as principais demandas do sistema público de saúde e estabelecer a conexão com empresas, trabalhadores e a população para que todos possam colaborar no atendimento destas necessidades[19].

O Governo do Estado do Espírito Santo também iniciou a distribuição de máscaras para a população da Grande Vitória que utiliza o transporte coletivo. A produção dos kits está sendo realizada pelas indústrias capixabas de confecção de norte a sul do estado e estão sendo vendidas para o governo. A iniciativa da produção das máscaras foi da Câmara do Vestuário da Findes que viu nessa oportunidade a chance não só das pessoas de baixa renda conseguirem máscaras de forma gratuita, mas também dos trabalhadores da área de confecção conseguirem trabalho enquanto a rotina de produção das fábricas está impactada pela pandemia[20].

Iniciativas de apoio, de conscientização e medidas educativas em relação ao uso coletivo de máscaras de proteção tornam-se fundamentais para evitar a propagação do coronavírus e, portanto, podem ser vistas como uma responsabilidade social em nível global, que nos auxiliará ao retorno para o novo normal.

[1] Para mais informações sobre características gerais de uma pandemia, acesse: http://www.blogambientedenegocios-es.com.br/das-epidemias-na-grecia-antiga-ao-covid-19-o-que-a-historia-pode-nos-ensinar/

[2] https://www.who.int/publications-detail/advice-on-the-use-of-masks-in-the-community-during-home-care-and-in-healthcare-settings-in-the-context-of-the-novel-coronavirus-(2019-ncov)-outbreak

[3] https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMc2001468

[4] Para maiores informações sobre o retorno gradual das atividades econômicas e dos protocolos acessar os artigos em: http://www.blogambientedenegocios-es.com.br/como-os-paises-estao-se-preparando-para-o-retorno-a-nova-realidade/ e http://www.blogambientedenegocios-es.com.br/as-primeiras-licoes-para-o-mundo-do-trabalho-pos-coronavirus/

[5] https://www.cdc.gov/coronavirus/2019-ncov/prevent-getting-sick/cloth-face-cover.html

[6] https://www.usnews.com/news/world/articles/2020-03-30/austria-to-make-basic-face-masks-compulsory-in-supermarkets

[7] Conheça sobre o movimento em: https://masks4all.org/

[8] https://www.saude.gov.br/noticias/agencia-saude/46645-mascaras-caseiras-podem-ajudar-na-prevencao-contra-o-coronavirus

[9] http://www.ans.gov.br/aans/noticias-ans/coronavirus-covid-19/coronavirus-todas-as-noticias/5509-campanha-da-ans-reforca-recomendacao-pelo-uso-de-mascara-de-protecao-contra-o-coronavirus

[10] O Governo do Estado do Espírito Santo criou a matriz de classificação de risco com a situação do enfrentamento da crise para cada município. De acordo com a matriz, cada município recebe uma classificação conforme a vulnerabilidade (medida pela taxa de ocupação dos leitos de UTI) e a ameaça no enfrentamento (medida pelo coeficiente de incidência da doença a cada 100 mil habitantes) da pandemia. Para informações atualizadas diariamente sobre o nível de incidência dos municípios capixabas acessar: https://findes.com.br/medidascoronavirus/boletinsdoideies/

[11] Decreto n° 4648-R, de 08 de maio de 2020.

[12] https://onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1002/jmv.25805

[13] https://rs-delve.github.io/reports/2020/05/04/face-masks-for-the-general-public.html

[14] Para os profissionais de saúde, além das máscaras, também devem ser utilizados óculos de proteção, capa ou jaleco, luvas e etc.

[15] https://www.nejm.org/doi/10.1056/NEJMc2004973

[16] https://www.thelancet.com/action/showPdf?pii=S0140-6736%2820%2930918-1

[17] Para maiores informações sobre o significado social do uso de máscaras acessar a artigo de Cass Sunstein, professor da Universidade Harvard, em: https://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=3571428

[18] https://findes.com.br/news/mascaras-covid/

[19] Conheça sobre o movimento #industriadobem em: https://findes.com.br/industriadobem/

[20] https://findes.com.br/news/findes-e-governo-do-es-fecham-parceria-para-distribuir-500-mil-kits-com-mascaras-no-transporte-coletivo/

Mayara Bertolani é mestre em Economia pela UFES e analista do Ideies.

Os conteúdos e as opiniões aqui publicados são de inteira responsabilidade dos seus autores. O Sistema FINDES (IDEIES, SESI, SENAI, CINDES e IEL) não se responsabiliza por esses conteúdos e opiniões, nem por quaisquer ações que advenham dos mesmos.

1 Comment on "Responsabilidade social e o uso de máscaras em meio à pandemia do COVID-19: entenda a importância"

  1. Muito bom facil De ser divulgado

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